Pesquisar este blog

sábado, 20 de março de 2004

TAMTAMTAM, TAMTAMTAM

Hoje vai ter aquele show lá de Tributo ao Ayrton Senna. E dia 01/05 fazem 10 anos que ele morreu. E tem dias que eu esqueço completamente, mas aquele eu lembro direitinho.
01/05/1994
Como de costume, fui com minha mãe na Igreja do Belo Ramo. Como no ano anterior eu tinha feito minha primeira comunhão, eu fazia de tudo para participar da Perseverança, uma panela só. Voltei pra casa e meu pai assistia à corrida. Assim que chegamos, meu pai falou:
- A "Vaca Louca" bateu feio o carro - meu pai foi um profeta. Antes da doença batizada com esse nome se espalhar na Europa, ele já falava nisso. Mas na verdade ele chamava o Senna assim porque achava um corredor sem limites.
Naquela San Marino e no circuito de Ímola as bruxas estavam soltas! Na sexta-feira (por coincidência, meu aniversário de 11 anos), Rubinho tinha batido o carro. No sábado, Roland Ratzemberger, piloto austríaco que pouca gente conhecia, tinha morrido no treino oficial. E agora, isso. E era grave, lembro do Galvão Bueno preocupado (não lembro exatamente o que ele falou, vai, são 10 anos!). Nem se preocuparam em saber o resultado daquela corrida. Era o ano que o Miguel Sapateiro começou a ganhar direto, até mesmo meu amiguinho de infância tinha ido ver o GP do Brasil naquele ano, e nem iria imaginar que ia ver a última apresentação do Senna aqui.
Naquele dia, meu tio e meu pai tinham ido visitar meu avô português em Guararema (falecido em 1995) e resolveu almoçar com a gente, levando os filhos. Minha mãe ia preparar um almoço para eles. Chegaram lá quando já tinha ocorrido a morte cerebral e assistiram meio que de camarote toda a seqüência dos fatos. Foi um chororô só enquanto minha mãe servia a feijoada. Não chorei, e te digo porquê. No começo do ano tinha perdido meus dois tios em um acidente de carro na Via Dutra, e talvez seja por isso que não teve o mesmo impacto a morte dele.
Por causa da morte do Senna, foi declarado luto oficial de três dias, de segunda a quarta. Na quinta-feira, já na escola, toda a quinta série inteira tinha combinado de, na quarta aula trocando de professor, a gente ia começar a cantar: "OLÊ OLÊ OLÊ OLÁ, SENNA, SENNA!" E assim fizemos. Foi emocionante, não fosse a professora de redação Setsuko chegar na sala de aula e reclamar:
- Que zona é essa, vocês acham que é carnaval? Nenê da Vila Matilde?
E aquele comentário muito me ofendeu, porque eu morava lá.
Bom, a história é que, depois da morte do Senna, eu que sempre adorei corridas de Fórmula 1 (e sabia o nome de todas as escuderias e dos pilotos-figurantes, como Satoru Nakajima e J. J. Lehto "lento"), nunca mais assisti uma corrida.
Até passarem 6 anos e a gente em Monte Verde deixou a TV ligada no GP da Alemanha. O Rubinho tinha largado em décimo-oitavo, e a gente ia tomar o café da manhã quando ele já estava em quinto lugar. De lá do café, fomos vendo ele passando, o quarto, o terceiro, o segundo, e finalmente, o Sapateiro. Como já não tinham deixado ele ganhar antes, ficamos com os cus na mão até dar a bandeirada. Quando deu, foi uma emoção só. Todos que estavam nos chalés se emocionaram com a primeira vitória do Rubinho, a primeira vitória brasileira depois de tanto tempo. Mas o monopólio sapateiro continuou até hoje.
eXTReMe Tracker